A rotina, os compromissos diários, os costumes, o café da manhã, os horários, os lugares, as metas. Tudo em seu perfeito estado. Uma vida cômoda demais para perceber a chegada de algo, ou alguém. Alguém que se conforme com sua falta de atenção, com seu desleixo. Que se sinta bem, em passar os dias, despercebido. Alguém que se acostume com seu mau humor, seus dias bons e ruins, que conheça seus defeitos, seus medos, que te mapei, que entre nesse labirinto por você e não se sinta perdido.
Esse dia acordou estranho, incomum, logo entendi. Dispensado. Da sua rotina encantada. Um horário remarcado, desmarcado. Um café forte demais, deixado de lado, um costume que se tornou enjoado. Qualquer sinal de diferença e sua cabeça começa a girar, se sente confuso, obrigado a restaurar perfeições. Aquele toque, nas mãos, inesperado, gelado e um arrepio dos dedos até a nuca. Uma frase: Vai dar tudo certo.
Não havia reparado a doçura que era sua voz, o brilho que era seu sorriso, a segurança que transmitia seu olhar, o bem que me fazia sua pele, sua presença, sua proximidade. Sempre tão sutil, mas agora vejo quão essencial se tornou seu jeito discreto de estar sempre aqui.
Disposição. Para reparar seus gestos, seus esforços, seu carinho, seu cuidado.
Desmarque os encontros, cancele os horários, desmemorize os caminhos, as pessoas, os objetivos, por esse olhar. Mas, você esteve tão ao meu lado, nessa vida compulsiva, que tomou ela para você, eu abandonei meu dia-a-dia, mas você não. Seus compromissos marcados, seus lugares reservados, seus projetos sendo concretizados e esses hábitos te cegaram.
E tudo que eu deixei? E todos que eu contrariei? Parei tudo por você, mas foi pouco.
Me organizar? Reacostumar com toda aquela vidinha viciante e frágil? Não. Ao menos, você me mostrou quanto tempo perdia com coisas bobas. Não vou deixar, como você, o amor passar por mim. Vá, e não volte atrás. Obrigado por me ensinar o que é viver.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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