segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Se a ama, deixe-a l i v r e .

A uns anos atrás me viram adimirando o céu e me deram uma estrela de presente e junto com ela um aviso: Jamais solte-a se quiser tê-la para sempre. Ela não substituiu o céu que eu tinha durante a noite, mas uma hora eu tinha que partir e ir embora. Não podia levar o céu comigo, tinha que ir só e voltar no outro dia se quisesse vê-lo novamente, mas tem uma coisa que eu podia levar comigo, a estrela. E todo dia quando eu tinha que adormecer e deixar todo aquele azul brilhante esperando o próximo dia pra brilhar pra mim, ela estava lá, com seu brilho limitado por estar guardada naquela caixinha de presente azul com desenhos de nuvens, muito modesta em relação a seu verdadeiro lugar. Mas, ainda assim ela insistia em brilhar, isso me confortava, me fazia adormecer certa de que aquele céu tão lindo não era só ilusão e que no outro dia ele me esperaria novamente com a mesma beleza de sempre. Certo dia enquanto olhava o céu uma pessoa sentou ao meu lado e disse:
- Lindo, não?
- Extraordinário.
- Sem dúvidas. Adoro o céu, queria morar lá, parece ser um lugar melhor do que esse aqui.
E eu sorri com a lembrança da minha estrela na mente.No caminho de volta para casa eu fui pensando em como tenho o céu pra mim, não ele todo, admito, mas uma parte que eu podia abraçar, tocar, sentir, ver. Que todo dia antes de dormir, escutava meus pensamentos confusos, meus sonhos bobos, meus medos, meus desejos, ou somente via minha lágrimas. E a partir desse dia passei a olhar minha estrela não como algo que me lembrasse que o céu existia, mas como meu céu, meu brilho, meu lugar. Quando cheguei em casa, abri aquela caixinha onde a guardava e ousei tirar ela de lá. Sempre tive medo de tirá-la daquela caixa e nunca mais vê-la. Mas, se eu conseguisse um só segundo ao seu lado, valeria toda a eternidade apenas podendo ver o seu brilho. Coloquei ela de volta e adormeci. E os outros dias seguintes fiz o mesmo, até que um dia adormeci enquanto contava-lhe meus segredos. Quando acordei ela não estava mais lá. Me apavorei de princípio, mas pensei que poderia ir ver o céu e não só ela estaria lá, mas muitas outras. Finalmente quando olhei para o céu estrelado percebi que estava tão longe, que não me iluminava de perto, e percebi o quanto precisava da minha estrela, limitada talvez, mas era somente o que me fazia feliz, e percebi também, que existia um lugar onde ninguém a tiraria, de dentro do meu coração. É. Do meu coração. Jamais esqueria seu silêncio que me dizia tanto, nunca encontraria brilho mais forte, beleza maior, conforto igual. Esse dia adormecia e fiz um pedido pro céu trazer ela para mim. Se viria ou não, não sei. Mas, eu estaria todos os dias na sacada esperando ela voltar.

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